sábado, 3 de julho de 2010

Relembranças

Lembranças de amores idos e vividos estão chegando e tomando lugar diante das teclas do computador. Minha primeira namorada se chamava Marinete e morava na Afonso Pena, bem em frente a um areal onde minha turma jogava pelada. Com quinze dias de namoro, Marinete permitiu que eu pegasse na sua mão. Mas o gesto foi visto pelo irmão, que deu queixa ao pai, que botou de castigo a namoradinha e a obrigou a acabar o namoro.
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O primeiro beijo foi em São José de Mipibu, onde eu passava férias na casa do meu tio Miguel. Certa manhã, num beco que levava a uma entrada lateral da casa, uma menina da minha idade, cerca de 11 anos, se aproximou e me surpreendeu com um beijo na boca. Eu poderia fantasiar, romantizar o momento, mas sinceramente não gostei. O beijo tinha gosto de cuspe... Poucos anos depois, ainda em São José de Mipibu, namorei com Zizi, que tinha passado 30 dias de férias no Rio de Janeiro e chiava como gente grande. O que mais atraía em Zizi era o sotaque, quando ela falava djia, tchinha, tchitchia. Paquerei Zizi montado na bicicleta do meu primo e ela se rendeu à minha habilidade de ciclista. Com três dias de namoro, ela perguntou onde estava a minha bicicleta e eu lhe disse que a bicicleta não era minha. Zizi fechou a cara, deu uma rabissaca e me mandou andar, dizendo que não namorava rapaz sem dinheiro para comprar uma bicicleta.
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Mas paixão, paixão mesmo, eu tive pela minha professora de francês do Atheneu. Ela era doce,tranquila, muito bonita. Nos meus doze anos, eu me sentava na primeira fila e ficava bebendo as suas palavras, doces palavras ditas em francês. Uma vez, ousei perguntar: "Professora, como se diz "eu te amo" em francês?" Quando ela disse, com voz sussurrante "je t'aime", eu tive certeza de que estava recebendo uma declaração de amor. A partir desse dia, eu sussurrava em suas aulas je t'aime, je t'aime, muito apaixonado. Foi ela quem me despertou a paixão pela língua francesa. Na Aliança Francesa do monsieur Bernard Alleguède, eu sonhava ter uma professora bela e apaixonante como aquela.
(Texto de crônica de Nei Leandro de Castro, foto de arquivo do Google)

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