sexta-feira, 29 de julho de 2011

Os procedimentos

Não tenho muito para te dar,
a não ser os procedimentos da ternura
embalados pelo tempo,
envelhecidos com a dignidade dos vinhos.
Pertence igualmente a ti, amada,
esse ritual espelhado nos teus olhos,
repetido em teus menores gestos,
burilado pelas tuas mãos de fêmea.
Não, não vou te perder por meus desvarios,
por minha mínima e máxima culpa.
É preferível me perder e me achar
no teu provável fingimento jamais flagrado,
porque és fundamentalmente mulher.
Bem sabes: quando tua inteligência não alcança,
quando não é suficiente a tua sensibilidade,
te socorre uma intuição milenar,
caixa onde estão guardados todos os segredos
que me reconduzem a teus pés, a teus braços,
à gruta secreta sagrada do teu sexo.
Jamais abrirei essa caixa antiga como uma lenda grega,
não importa saber desses segredos,
desde que a tua intuição continue nos conduzindo
à febre, depois à lassidão, depois à harmonia
do encontro amoroso.
Aprendemos juntos, numa noite de abril ou em meio século,
que o fundamental para construir o amor
está em nossas falas, em nossos olhos,
no aprendizdo da linguagem dos nossos corpos.
Dessa elaboração, súbita ou tecida anos a fio,
surgem, irrompem, permanecem
os meus e os teus procedimentos de ternura.
(Poema de Nei Leandro de Castro in Diário Íntimo da Palavra)

sábado, 16 de julho de 2011

Missa



Numa missa de domingo
na NotreDame de Paris,
o poeta Paul Claudel
viu o esplendor de Deus.
A mesma missa me trouxe
uma revoada de anjos
de sexo definido: meninas
nuas sob véus diáfanos,
iluminando a nave com sorrisos.
Do lado de fora, Deus reinava
sobre as águas do Sena,
sobre a Terra,
sobre a poesia.
(Poema de Nei Leandro de Castro in Diário Íntimo da Palavra, foto de Sandra Porteous)

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Gosto de cuspe





     O irmão, quatro anos mais velho, tinha muita coisa que eu não tinha. Começo de bigode, pentelho, gala, além de ser mais bonito.
     Eu ficava com muita vontade que ele morresse afogado naquelas vadiagens que ele fazia no rio, só pra se mostrar.
     Mais raiva eu tinha em festa de aniversário. Enquanto eu ficava pensando de que jeito ia tirar a menina bonita pra dançar, ele ia, muito enxerido, e pegava a menina que eu estava querendo.
     Quando a prima Malu chegou em casa, pra passar as férias, eu vi tudo. Meu irmão ia sair com ela, conversar com ela, contar histórias pra ela rir. E acabavam namorando.
     Foi o que aconteceu.
     A prima Malu era muito saída. De noite, depois do jantar, ela pegava a mão do meu irmão e dizia pra todo mundo ouvir:
     - Eu e meu namorado vamos sair. - Virava-se pra ele: - Não é?
     Saíam os dois de mãos dadas para a praça. Eu seguia de longe, escondendo a raiva e a vontade de chorar, porque eu amava Malu. Se ela quisesse eu casava com ela quando crescesse, ficava rico, dava tudo que ela bem quisesse.
     Não aguentava muito tempo vendo os dois rindo. Voltava pra casa, pegava uma folha de papel e tentava fazer um retrato de Malu, só pra mim. Mas não tinha jeito de acertar com os seus olhos grandes, a cara redonda, a boca de lábios grossos. Não tinha jeito.
     Parece que um dia o irmão quis fazer safadeza com Malu. Foi o que pensei quando ela voltou da praça mais cedo e disse pra mãe que estava cansada, ia dormir cedo. Pouco depois chegava o irmão, encabulado, sem olhar as pessoas nos olhos.
     Desse dia em diante deixaram de andar de mãos dadas e eu achei muito bom.
     A prima Malu só não tinha olhos pra mim. Depois do irmão, namorou vários meninos. Cada dia, um. Enjoava logo, passava pra outro - e eu sofrendo por causa da beleza dela, do riso dela, do jeito como ela falava, quase revirando os olhos:
     - Namorado meu não passa dos três dias. E olhe lá.
     O irmão já andava com outras e nem ligava pra Malu. Os dois eram bem parecidos nisso.
     Por acaso eu descobri um jeito de gostar ainda mais de Malu. Ela deixava a calcinha no banheiro quando saía do banho. Da primeira vez, mesmo com a porta fechada, eu olhei para os lados e o coração ficou batendo muito quando eu peguei a calcinha da Malu: era branca, de algodão, um pouquinho encardida nos fundos. Fiquei namorando a calcinha por muito tempo. Esticava seu elástico com dois dedos e imaginava a prima dentro dela, nuinha, bonita como só ela sabia ser. Subia uma quentura diferente dentro de mim, dava vontade de rir e chorar ao mesmo tempo. Era muito bom.
     Malu continuou esquecendo a calcinha e eu passe a demorar mais tempo no banheiro, assim que ela saía. Uma vez minha mãe bateu na porta:
     - Sai daí, menino, que demora é essa?
     Tomei um susto danado, porque naquele momento eu tava vestido com a calcinha da Malu, me olhando no espelho. Puxei a descarga do vaso e fui pra debaixo do chuveiro, para esfriar a quentura que tinha subido pro rosto e queimava minhas orelhas.
     Não sei se a mãe desconfiou, se falou alguma coisa com a sobrinha, mas a partir daquele dia nunca mais Malu esqueceu a calcinha no banheiro. E eu ficava cada vez mais doido por ela, que nem ligava, namorando todo dia um menino diferente, já tinha passado por todos os meus conhecidos.
     Arranjei um jeito de gostar mais dela e tirar a dor que ela fazia doer em mim. Ia pescar sozinho e quando não tinha ninguém por perto eu começava a falar:
     - Malu, meu amor.
     Começava baixinho, ia subindo a voz, subindo, até gritar bem alto:
     - Malu, Malu, eu amo você.
     Antes das férias terminarem, ela ainda namorou com meu irmão. Mas foi um namoro besta, cheio de briguinhas de lá e de cá, nenhum dos dois querendo dar o braço a torcer. E demorou só dois dias, ainda bem, porque eu vivia pensando em matar o meu irmão, botar veneno na comida dele, como uma vizinha tinha feito com o marido. Ou então dar uma paulada na cabeça dele, quando ele estivesse dormindo.
     - Esse menino anda muito jururu - disse minha mãe na mesa, na véspera de Malu voltar para casa.
     - É a idade - disse ela rindo.
     Eu me levantei da mesa e fui chorar lá no fundo do quintal. Quando o choro passou e ficou só o soluço, botei umas garrafas vazias em cima do muro e fiquei quebrando uma a uma com minha baladeira. Pensando na hora de Malu voltar: eu ficava com mais raiva. A pedra batia na garrafa, era caco pra todo lado: eu atirava na cabeça do meu irmão, da minha mãe e nos peitos de Malu.
     Quebrei todos os vidros, cansei da brincadeira. Então me sentei no chão e comecei a riscar na areia do quintal. Risquei quadros, rodas, casas, árvores. Apaguei tudo e desenhei bem desenhado o nome: Malu.
     Não vi quando ela chegou pelas minhas costas e leu soletrando:
     - Ma-lu.
     Quis sair correndo, mas ela me segurou pelo braço:
     - Seu bestinha.
     Me deixei ficar, olhando para os olhos grandes dela, com jeito de quem pede mas tem vergonha de pedir. Ela aproximou o rosto do meu, disse baixinho numa voz que eu não conhecia:
     - Sabe duma coisa? Eu gosto de você.
     E me deu um beijo na boca.
     Um beijo demorado, com gosto de cuspe.
(Conto inédito de Nei Leandro de Castro, ilustração do Museu de Arte Naif)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Momento em Copacabana


Numa noite diluída pelo álcool pela antimemória
pela morte do lirismo nessa noite o adolescente
recostou a cabeça em desamparo no regaço da
infanta amada e chorou de pura paixão e morreu
e de repente ressuscitou com o cheiro morno de
sexo que dela emanava e a noite era densa tensa
como o arco de luz que o poeta desferiu de
Copacabana contra o infinito e então ele se
despiu e investiu contra o hímen despedaçado em
mil estrelas e penetrou e penetrou-se com fúria
adolescente enquanto pescadores iluminavam as
margens da noite com a chama prosaica dos archotes
noite acesa e quente como a paixão testemunhada
pela madrugada que assistia a tudo se transmudando
lentamente como a strip-teaser do inferninho
em frente enquanto o vento velho sátiro lambia
descaradamente - língua de cão e fauno - a sua
bunda voltada para o alto e para o mar.
(Poema de Nei Leandro de Castro in Era uma vez Eros)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Rodrigues Alves


O homem magro, moreno, com sobrenome de presidente da República, morava na Rua Potengi, bem perto do Atheneu, onde ensinava português. O salário de professor - porque sempre houve no país um criminoso aviltamento do salário desses profissionais - mal dava para Francisco Rodrigues Alves sustentar a família de quatro filhos. Viva modestamente, mas ninguém jamais o ouviu se queixar da sorte, do custo de vida, de nada. Sempre de paletó e gravata, ele enfrentava as adversidades com a mesma coragem com que enfrentava o verão natalense metido naquela roupa invernal.
*
Quando Rodrigues Alves veio ser nosso professor, no curso Clássico, a minha turma estava saindo de um trauma. O professor a quem ele sucedeu era um homem de um mau humor terrível, que chegava à sala de aula como se tivesse atravessado os círculos infernais descritos por Dante. Esse estado de espírito se refletia na ferocidade com que ele passava exercícios e dava notas. Teve sorte quem não se incompatibilizou com Camões para o resto da vida, porque o gênio lusitano só servia para análises sintáticas dificílimas. O mestre, que além de mau humorado era arrogante, lia em voz alta as besteiras cometidas por seus alunos e, em seguida, exibia um rosário de zeros. Nessas horas, ele esboçava um sorriso, pura zombaria. Portanto, na chegada do novo professor de português, a turma estava toda arredia, cheia de medos, alguns tinham ficado para trás, reprovados na matéria. Mas as primeiras aulas do professor Rodrigues Alves mostraram um homem cordial, sensível, que trazia autores clássicos para a sala de aula, não para maltratar ninguém, mas para despertar nos alunos o gosto pela leitura. Era apaixonado por Machado de Assis e transmitiu para muitos essa paixão. Não admirava muito as romantiquices de José de Alencar, que parecia um europeu travestido de índio, seguindo uma moda européia, cheio de mugangas de estilo, sob o sol dos trópicos. Gostava de alguns parnasianos, principalmente de Vicente de Carvalho e Olavo Bilac. Mas a Semana de 22, com Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira à frente, era para ele o grande marco da nossa literatura. Mesmo os alunos menos apegados à leitura começaram a visitar a biblioteca do Atheneu, dirigida por Zila Mamede, graças ao entusiasmo de Rodrigues Alves pelo romance, pelo ensaio, pelo conto, pela poesia.  As aulas de português se tornaram um prazer. O professor do ano anterior, um saco de mau humor, foi esquecido em algum dos círculos de Dante. Prevaleceram a bondade, a cordialidade, a alma sensível do professor Rodrigues Alves.
*
Alguns anos depois, encontrei o meu querido mestre no Rio de Janeiro. Morava num apartamento modesto, no bairro de Fátima, e amargava uma solidão de viúvo. Conversamos, lembramos os velhos tempos do Atheneu, ex-alunos que já se destacavam como advogados, médicos, jornalistas. Ele lembrou Machado de Assis, em sua viuvez dilacerante, e recitou o soneto que o gênio do Cosme Velho dedicou à amada morta: "Querida, ao pé do leito derradeiro..." E chorou, meio envergonhado, mas chorou.
*
Três alunos do professor Rodrigues Alves tornaram-se grandes amigos: Danúbio Rodrigues, filho do mestre, Odúlio Botelho e eu. Danúbio era um contador de estórias cheio de talento. Odúlio tinha uma voz melhor do que a do afetado Aguinaldo Rayol e enriquecia as serestas que fazíamos para as namoradas. Eu havia desistido de jogar futebol e não sabia o que ia fazer na vida.
(Crônica de Nei Leandro de Castro in Rua da Estrela, Crônicas)

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Eros (Mitologia erótica 2)


Eros nasceu do Caos - é o que dizem.
Outras fontes o apontam
como resultado de uma homérica suruba.
Seria filho de Íris ou de Ilítia
ou de Artemis Crônia com Hermes.
Outra versão: Filho de Afrodite
(Afrodite era fogo) com Hermes.
O poeta não tem nenhuma obrigação
de saber essas mitologias todas.
Só sabe que nos puteiros romanos
Eros era conhecido como Cupido
e tinha o pênis assim pequenininho
como de um anjo barroco.
(Poema de Nei Leandro de Castro in Era uma vez Eros)

terça-feira, 5 de julho de 2011

Narciso (Mitologia Erótica 3)

Narciso só tinha olhos
para o seu rosto perfeito
e tremia de tesão
pelo seu corpo de macho.
Numa manhã de verão
Narciso se viu na fonte
e quis beijar os seus lábios
e afogar-se em desejos,
enquanto uma cotovia
- o coraçãozinho aos saltos -
se balançava e cantava
entre ramos de narciso.
(Poema de Nei Leandro de Castro in Era uma vez eros, tela de Caravaggio)

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Virtual

Estou nua, devassa, nua
diante do computador.
Sorrio, sussurro, solto gemidos:
estão de plantão, tesão,
todos os meus sentidos.
Já namorei pela telinha, bem louquinha,
muitos machos divinos maravilhosos,
ternos, safados, sacanetas
todos com fixação em minha xotinha,
na minha bundinha, nas minhas tetas.
*
Ah, vou sair, vou fazer logoff.
Chega, rapazes, não quero mais nada.
O mal desse sexo virtual
é que me lembra muito uma broxada.
(Poema de Nathália de Souza in
Poemas Devassos e uma Canção de Amor,
tela de Milton da Costa)

domingo, 3 de julho de 2011

A dádiva do encontro

No caos em que estão mergulhados os meus livros e papéis, encontrei uma preciosidade que julgava perdida: uma pasta contendo 12 poemas manuscritos de Carlos Drummond de Andrade, assinados pelo autor, e uma cópia xerox de um cheque do Itaú, no valor de 21.848,44 cruzados, datado de 5 de setembro de 1986. O cheque é nominal e o favorecido é Drummond. Por trás desses dados e números, há a história de um encontro a que já me referi algumas vezes. Hoje, depois de uma releitura do meu poeta brasileiro preferido, me vieram à lembrança, como num filme, todos os momentos que usufruí na sala do seu apartamento, numa rua de Copacabana. E me deu vontade de reviver esses instantes, sem receio de ser repetivo.
*
Costumo dizer que o encontro com Drummond foi o maior prêmio que a publicidade, em 30 anos de trabalho, me deu. Foi, sim. No segundo semestre de 1986, eu era vice-presidente de criação de uma agência de propaganda do Rio de Janeiro. Um dos nossos maiores clientes solicitou uma idéia ousada, de impacto, para o seu calendário de 1987. Depois de reuniões com o pessoal de criação, surgiu a idéia de um calendário com poemas inéditos de Carlos Drummond de Andrade. "Vocês estão voando muito alto, aterrissem, aterrissem", brincou o diretor-presidente da agência. Mas me deu permissão para ir adiante, sondar o poeta, saber se a idéia era viável.
*
Consegui o telefone de Drummond, fiz a ligação, falei do projeto da agência. Sem arrodeios, ele disse que achava boa a idéia, que escreveria os poemas. Quando perguntei quanto custaria o seu trabalho, ele disse: "Isso eu não sei dizer. Por favor, procure saber quanto pagam e me ligue quando souber." Consultei o diretor-presidente, chegamos a um acordo, voltei a ligar para Drummond. Ao ouvir o preço, o poeta disse, com voz alterada: "Quanto?" Repeti, temendo que estivesse aviltando o seu trabalho, mas ouvi dele: "Claro que faço. Nunca ganhei tanto dinheiro com poesia!"
*
Seriam doze poemas baseados em fotos fornecidas pela empresa. Fiz questão de levar as fotos ao apartamento do poeta, à rua Conselheiro Lafayette, 60/701, Copacabana. Um apartamento simples, imensamente enriquecido por quadros de Portinari, Di Cavalcanti, Pancetti, Cícero Dias. Em destaque, um retrato de sua filha Maria Julieta por Portinari. O poeta devia estar sofrendo muito de saudade, porque a conversa girou quase toda em torno de sua filha, que morava em Buenos Aires, com quem ele trocava cartas duas vezes por semana. A certa altura, Drummond se levantou, me pediu para acompanhá-lo e me mostrou o imenso baú onde guardava as cartas da filha amada. Era uma montanha de saudades, de declarações de amor.
*
Uma semana depois, fui buscar os poemas que ele havia escrito e levar o cheque de pagamento. Nessa manhã, ele falou sobre poetas, principalmente sobre Vinicius de Morais, de quem admirava a obra poética e os seus grandes amores. Mesmo provocado, não quis falar dele mesmo, nem de sua poesia. Mas ainda falou da filha e as lágrimas vieram a seus olhos. Esse encontro se deu em 5 de setembro de 1986. Em agosto do ano seguinte, Maria Julieta morreu. Aos 85 anos, o poeta suspendeu os remédios que controlavam a sua cardiopatia e, doze dias depois, 'se afastou da vida voluntariamente'.
(Crônica de Nei Leandro de Castro publicada na Tribuna do Norte)

sábado, 2 de julho de 2011

ABC da Morte de Federico Garcia Lorca

Surpreendo do teu bolso
armas com que te bateste:
as vogais e as consoantes
- em ti adaga e florete.
*
Ai, Federico Garcia,
Bateste o punho fechado
Contra as portas de la muerte
De repente entreabertas.
*
Estavas talvez com medo
Federico, pois querias
Guardar apenas da morte
Heras - horas - em que prendeste
*
Ignazio Sanches Mejías.
Jamais supuseste a morte
Literal, dentro dos canos,
Morte madrugada a dentro.
*
Não sei da rosa de espanto,
Ó Federico, que viste,
Pois não percebo o minuto
Quando mortal tu caíste.
*
Recolho de tuas mãos
Sujas de barro e de sangue
Tua última metáfora:
Uma rosa que ainda cresce.
*
Surpreendo do teu bolso,
do suprarreal colete,
as vogais e as consoantes
- em ti adaga e florete.
(Poema Nei Leandro de Castro in Canto Contra Canto, ilustração Salvador Dali)