quinta-feira, 8 de julho de 2010

Noturno só para Maysa


Liberto-me do dia
porque a noite desabrocha em pétalas de ópio
e cria uma distância íntima.
A noite penetra pelos meus ouvidos,
pelo meu sexo, possui-me
(pólen estéril apenas crescendo em dor)
e mostra, na metamorfose
da posse, a outra face
que procuro para caminhar só
entre os homens.
Sei da inexistência da aurora:
tímida rosa fecundada
longe de minhas mãos inúteis.
Sei das cores irreais da rosa
que se abrirá somente
quando a tocares de leve com o teu beijo.
(Poema de Nei Leandro de Castro in Voz Geral, 1963, foto arquivo do Google)

Nenhum comentário: