2. A fermentação
Sol posto. Um deus cansado
de néctar dos deuses
esmaga as uvas só por tédio
e deixa o mosto abandonado a si mesmo.
Assim a esmo, nasce o vinho
sob a luz de estrelas liquefeitas.
O deus bebe do suco ardente e aveludado
e a cada gole sente que o tédio
se dilui. Seus pés alados
bailam como bailarinos na noite
ao som de guizos e do vento alísio/elísio.
Madrugada, o deus é conduzido por poetas
cantando pelas colinas da mitologia
sua embriaguez homérica. Alegria.
(in "Era uma vez eros", Nei Leandro de Castro - foto, Sandra Porteous)
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