domingo, 16 de novembro de 2008

CINCO MOMENTOS DO VINHO

1. A semeadura
Memória antiga. O amanhecer dos campos.
Um fauno dessedenta no caudal do rio.
Pirilampos iluminam a breve trégua
de corpos abraçados. O cio
da paisagem. A força da semente
rompe a terra da encosta em plena aurora
como quem rompe/irrompe um hímen.
A hora e o tempo se detêm na fadiga
das coisas simples: a margarida
que definha e morre.
Um hino em flauta equilibra a manhã
em claves de sol e solidão.
Com a testemunha ocular de um pássaro
um ramo verde vide vindima
sobe no caramanchão da tarde
que arde e paira e se desvaira
na fermentada paz depois do gozo.
(in "Era uma vez eros" poesia de Nei Leandro de Castro - foto, Sandra Porteous)

Nenhum comentário: