Vê, amada, como a lua
seduz o mar com o seu brilho
e se afasta, se afasta em silêncio,
deixando turbulências, ondas de frio,
oscilações de amor e depois
a explosão inútil das águas na areia.
O teu silêncio é lunar, menina,
viajo nele e tento recompor
- como quem recompõe uma estrela despedaçada -
os teus gemidos de gozo,
o teu sexo de menina em estertor e glória
sob o meu furor e sob a magia de tuas mãos.
Faz tantos anos, olhávamos abraçados
o coqueiro em extrema solidão de Areia Preta.
Nenhum de nós, amantes eleitos por semideuses,
poderia prever o esplendor e o abismo do silêncio
sob uma lua consagrada como o sexo
em quarto crescente.
Lua que agora se afasta,
iluminada e em silêncio e se afasta.
(in Autobiografia, Nei Leandro de Castro - Foto, Sandra Porteous)
Nenhum comentário:
Postar um comentário