sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Areia Preta, noite de lua

Vê, amada, como a lua seduz o mar com o seu brilho e se afasta, se afasta em silêncio, deixando turbulências, ondas de frio, oscilações de amor e depois a explosão inútil das águas na areia. O teu silêncio é lunar, menina, viajo nele e tento recompor - como quem recompõe uma estrela despedaçada - os teus gemidos de gozo, o teu sexo de menina em estertor e glória sob o meu furor e sob a magia de tuas mãos. Faz tantos anos, olhávamos abraçados o coqueiro em extrema solidão de Areia Preta. Nenhum de nós, amantes eleitos por semideuses, poderia prever o esplendor e o abismo do silêncio sob uma lua consagrada como o sexo em quarto crescente. Lua que agora se afasta, iluminada e em silêncio e se afasta.
(in Autobiografia, Nei Leandro de Castro - Foto, Sandra Porteous)

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