sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Rua General Glicério

Em 1935, um empresário pernambucano, dono da fábrica Aliança, construiu em Laranjeiras um conjunto de dez prédios, doze andares cada. O arquiteto foi um frances, que também projetou, de um lado e outro da rua, calçadas de dez metros de largura. Essa rua é a General Glicério, uma das mais bonitas e tranquilas do Rio. Todas as calçadas possuem jardins com árvores frondosas e plantas bem cuidadas. Pássaros começam a cantar, pontualmente, a partir das quatro e meia da madrugada. Gilberto Amado morou, durante alguns anos, no prédio vizinho ao meu. Procurei saber quem foi o General Glicério. Nunca foi militar. Era um político paulista, Francisco Glicério, senador e ministro do governo Deodoro da Fonseca. Por puxa-saquismo, recebeu a patente de general. Mas essa biografia não prejudica uma das ruas mais charmosas do Rio de Janeiro. Aos sábados, há uma feira onde encontro mamão papaia vindo de Mossoró e cajus maravilhosos vindos do Piauí. Uma roda de chorinho encanta a todos.
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Uma sabiá me desperta com o seu belíssimo canto a partir das quatro e meia da madrugada. Ele pousa numa árvore bem perto da janela do meu quarto e solta a voz. Deve ser um macho solitário, que canta e canta para atrair uma fêmea que não vem, que o desprezou por outro, que bateu asas e voou. Se eu pudesse, pediria por tudo a essa fêmea ingrata que volte para o ninho do maior cantor de Laranjeiras e arredores.
(Texto de Nei Leandro de Castro, foto de Sandra Porteous)

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