terça-feira, 29 de novembro de 2011

Declaração de amor


Luís da Câmara Cascudo, nossa maior referência intelectual, chamava Natal de "Noiva do Sol". Na verdade, de vez em quando o sol passa uma temporada fora, vai se enxerir lá pras bandas de Mossoró, mas o noivado continua. Na maior parte dos dias, o superastro começa a exibir seu ego, imenso e incandescente como o de certos escritores, às cinco da manhã. Natal tem a luminosidade de uma noiva feliz da vida.
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Aqui pra nós, eu amo essa cidade. Não importa se o céu azul esteja ameaçado pelos gumes dos edifícios, que crescem como carrapateiras por toda parte. Não me incomoda a nova invasão dos holandeses (a primeira foi em 1633), agora com a ajuda de noruegueses, suecos, italianos, espanhóis e portugueses, que já tomaram Ponta Negra e já ameaçam, com seus batalhões de euros, as pobres muralhas do Alecrim. As coisas boas da cidade estão muito acima das invasões holandesas e das briguinhas domésticas.
(Extraído de uma crônica de Nei Leandro de Castro, foto Sandra Porteous)

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