segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Soneto

Cobriram-se de musgo triste os muros
que se erguiam na rua, conservando
o equilíbrio da infância (o não poder
olhar por trás dos muros o segredo
**
da vida, apenas vê-lo em sonho, todo
cheio de auroras e pedaços de arco-
íris). Caíram pelo chão os altos
muros de outrora e mostram seixos, terra,
**
árvores mortas. É de pedra a rua
onde antes construí canais e barcos.
Não há ponte ligando essa distância
**
que vai do meu aceno a antigos gestos:
de ponte só me lembra a solidão
da noite com seus arcos de metal.
(Poema de Nei Leandro de Castro in O Pastor e a Flauta, foto de Sandra Porteous)

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