quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Soneto

Unidos, nossos corpos fizeram sulcos
no ventre; um vento antigo transplantou
as sementes. E logo um girassol
rubro explodiu na noite transformada
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em chão de íntimo amor. Havia o sul com os
ventos de gêlo em nossos medos (ou
era verão de fogo, mais que sol,
o que sentimos?). Renasceu do nada
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e de tudo, da ausência e da presença,
o girassol noturno. O menor dos
gestos, o mais distante dos meus pensa-
**
mentos, o tatuaram frio, ardente,
em mim. E rubro, em nossos corpos nus,
o girassol espalhará sementes.
(Poema de Nei Leandro de Castro in Voz Geral, ilustração Van Gogh)