sexta-feira, 11 de junho de 2010

Soneto das variações

Branca praia da minha adolescência
absorta em breves flores de canção.
Calaram-se meus ecos luminosos
de crença numa Estrela da Manhã.
***
Branca praia perdida na falência
de infante mundo, azul contemplação,
fendeu-se em mil detalhes pantanosos
bebenda a minha Estrela da Manhã.
***
Não mais a branca praia como outrora
-festa de búzios com risos de lua
no meu encantamento de menina.
***
Pesada e real, diversa é a praia agora:
se toda eu quero inteira a areia, o mar,
afogo os meus desejos na retina.
(Poema de Zila Mamede in Rosa de Pedra 1953, foto de Sandra Porteous)

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