sexta-feira, 18 de junho de 2010

Romance da Cidade de Natal

PREFÁCIO
Uma cidade não se abre
fácil, como um guarda-chuva,
a quem sequer não a tem.
Uma cidade é como a luva:
***
sem o gesto e a medida
exatos de quem a calça,
jamais se entrega a alguém
por mais força que se faça
***
para tê-la ou possuí-la.
Pode tê-la, mas sem uso,
simples adorno ocultando
a sua alma ao intruso.
***
Mas possuí-la, através,
de um exercício constante
de amor e contemplação
é ver o quanto de amante
***
uma cidade esconde em si.
Ao menor gesto, qualquer,
que venha de quem a ama,
ela transcende: mulher.
***
Mulher lânguida que, amada,
mais ama além, sobre a dor.
E nos devolve em silêncio
o que lhe damos de amor.
***
Silêncio que pensa no homem
o seu ingênito pasmo,
como a paz que nos oferta
a mulher depois do orgasmo.
***
Natal não foge à regra
que a experiência assinala.
Íntima, entre o rio e o mar,
se estende. Convém amá-la.
(poema de Nei Leandro de Castro, foto de Sandra Porteous)

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