quarta-feira, 13 de julho de 2011

Momento em Copacabana


Numa noite diluída pelo álcool pela antimemória
pela morte do lirismo nessa noite o adolescente
recostou a cabeça em desamparo no regaço da
infanta amada e chorou de pura paixão e morreu
e de repente ressuscitou com o cheiro morno de
sexo que dela emanava e a noite era densa tensa
como o arco de luz que o poeta desferiu de
Copacabana contra o infinito e então ele se
despiu e investiu contra o hímen despedaçado em
mil estrelas e penetrou e penetrou-se com fúria
adolescente enquanto pescadores iluminavam as
margens da noite com a chama prosaica dos archotes
noite acesa e quente como a paixão testemunhada
pela madrugada que assistia a tudo se transmudando
lentamente como a strip-teaser do inferninho
em frente enquanto o vento velho sátiro lambia
descaradamente - língua de cão e fauno - a sua
bunda voltada para o alto e para o mar.
(Poema de Nei Leandro de Castro in Era uma vez Eros)

Um comentário:

Claudia disse...

"chorar de pura paixao"...é sempre essa a saudade. Lindo, Sandra

Bjs
Claudia