terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O sortilégio do mar

Vou fugir de mim mesmo.
Refugiar-me na sombra do mar.
Vou morar no seu silêncio
e beber meu olhar de sono
nas calçadas que perfuram o mar.
Levarei comigo
um piano cheio de escuro.
***
Quero sentir o frio horizonte
que se estende sobre o mar.
Fender meu corpo de disfarce
na luz que ilumina os frutos do mar.
Quero que me limitem entre os círculos,
azuis ou verdes, e a imagem
do crepúsculo, incendiado no mar.
Arqueadas estão as minhas mãos
nas suas redes, de súplica,
sossobradas. Mar,
espelho irremediável
de solidão, refletindo as faces
descomunais da minha única face
translúcida.
(Poema de Sanderson Negreiros in Fábula Fábula, foto de Sandra Porteous)

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