terça-feira, 3 de agosto de 2010

Presença e ausência de Rogério Rossini

Vamos à procura de uma canção de amigo
que tenha um arranjo iluminado:
ruídos de bar, violinos de Bach,
regência de um maestro apaixonado
pela vida, embriagado de beleza e som.
E que bebia a alegria em grandes goles
com muita pressa, como se soubesse
que não faria a tempo a canção perfeita.
Vamos à procura de um choro só de flauta doce
que chore a perda do amigo, doce amigo
de mãos longas que não chegaram a compor
todos os adeuses a que tinham direito.
Vamos à procura de um réquiem
que não seja assim tão triste:
que tenha risos e guisos, quase uma ode à alegria
sobrepondo-se à dor, ao pranto, ao câncer.
Vamos à procura de uma elegia em pianíssimo
onde se desenham compassos, passos, abraços
entre clavas de sol e laços de ternura.
Vamos à procura da provável harmonia além da vida
que move estrelas, corações e mentes,
para entendermos a morte do amigo tão presente
e tão ausente: Rogério Rosalém Rossini.
(Poema de Nei Leandro de Castro, junho 1989. Foto imagens Google)

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