terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A velhice de Eros

O velho Eros está muito cansado,
até mesmo dos versos decassílabos.
Inclusive a palavra inclusive
tão mal-usada dói-lhe nos testículos.
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Nos sonetos, com rima ou sem rima,
torra-lhe o saco - enorme - o enjambement,
uma invenção, acha ele, de poetinha
embolado e seboso. Poetastro
**
O velho fauno já tem cinquenta anos,
quinhentos, cinco mil, perdeu a conta,
perdeu toda a memória mitológica.
**
Mas guarda, essa figura de Aretino,
a memória feliz de suas fodas
e a soma dos pentelhos das amantes.
(Poema de Nei Leandro de Castro in Era uma vez Eros, ilustração Fauno de Barberini)

Um comentário:

Anônimo disse...

sou leitora do blog. Só passando p pedir p continuar colocando as poesias. abraços

manoella