quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cançãozinha de amor a uma máquina lubrificada

Eu sou o teu gigolô.
Todo os dias, te bato com força
e arrebato de ti a minha féria.
Gosto de ti assim lubrificada
como uma mulher no instante
de ser amada.
Arranco de tua intimidade,
de tuas entranhas,
muitas vontades
bem estranhas:
desejo de escrever poesia
quando sei que o dia
está mais para o trabalho, o trabalho
imutável como as cartas de um baralho.
Vontade também de te cornear
na tua frente, sobre a mesa
com uma mulher tão bela
que depois do amor me dê tristeza.
Mas, no fundo, eu te amo
nessa convivência mais ou menos fria.
Bato na tecla, escrevo: fala!
Permaneces muda
mas tua eterna submissão cala
no orgulho desse teu gigolô
que te bate, te bate, te bate com amor.

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