sexta-feira, 21 de maio de 2010

Junqueira Aires 371

No casarão de onde se vê o rio
e o casario da velha Ribeira,
o homem insone, de vasta cabeleira,
olhos gastos de tantas mil leituras,
viaja em muitas páginas.
Transforma a aridez das pesquisas
em doce erudição, novos mundos,
portas abertas: Áfricas redescobertas
por caminhos nunca dantes percorridos,
redes de dormir com varandas para o infinito,
Mula sem Cabeça, Saci e Lobisomem,
Civilização, a Grécia como fonte e estuário,
Caipora e Papangu, o sorriso e o grito
que há no fundo do nosso imaginário.
***
O homem, que vai passar mais uma noite insone,
em rica solidão, rico silêncio, sabe de tudo.
Viaja em torno de si mesmo, em seu oceano,
na circunavegação de Luís da Câmara Cascudo.
(Poema de Nei Leandro de Castro in Autobiografia Poemas)

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