Os úteros são mornos como esta rede
de punhos doces, onde me agito
como os punhos de um feto
contra paredes internas.
Na rede, um fio de memória ou pensamento
permanece e me parece medo
e esperança de primípara.
Penso: as varandas desta rede
são placentas que me envolvem.
Ou seriam uma teia de cordões umbilicais?
A rede me convexa
no seu tecido esponjoso.
Cuido de aninhar-me, de resistir
bem dentro dela,
temendo que algo se rompa em torno
ou dentro de mim,
como uma bolsa d'água.
(in CantocontraCanto, 1981, Nei Leandro de Castro)
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