quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Poema Uterino

Os úteros são mornos como esta rede de punhos doces, onde me agito como os punhos de um feto contra paredes internas. Na rede, um fio de memória ou pensamento permanece e me parece medo e esperança de primípara. Penso: as varandas desta rede são placentas que me envolvem. Ou seriam uma teia de cordões umbilicais? A rede me convexa no seu tecido esponjoso. Cuido de aninhar-me, de resistir bem dentro dela, temendo que algo se rompa em torno ou dentro de mim, como uma bolsa d'água.
(in CantocontraCanto, 1981, Nei Leandro de Castro)

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