esse rio é um assombro,
já fiz amor no seu leito
com água pelos meus ombros.
(...)
Esse rio é tão bonito
que perdôo sua loucura.
Ele afoga o pôr-do-sol
e corre à minha procura."
(in Autobiografia, Nei Leandro de Castro, 2008, foto Sandra Porteous)
Eu acredito que o Rio de Janeiro ainda pode voltar a ser tão mágico quanto era na minha infância.
Uma cidade que me maltrate
de beleza e Renascença
que me dante, beatriz-me,
ponte vecchia que me convença
que a travessia é semi-eterna
como a crença.
Águas do Arno, pedras de Carrara
que um anjo chamado Miguel
seminou com um cinzel
(os escravos desse anjo louco
vão se libertar da pedra
daqui a pouco).
Uma cidade que me aponte:
Masaccio - e a emoção invada
as artérias do meu coração
como uma suave doença.
Florença.
(Nei Leandro de Castro, ilustração de Masaccio)