sábado, 11 de agosto de 2012

Dádiva


Depois de tudo, filha, como oferta,
o que existe de mim e menos meu:
em tuas mãos imponderáveis eu
deponho o peso dessas mãos incertas
***
que não sabem sequer dizer adeus.
Dos meus olhos te entrego o claro-escuro
em ver as coisas sempre além do muro
erguido -- onde talvez se oculte um deus.
***
Da boca, esse silêncio que renovo
com palavras (porque, verás, não somos
nós). Não queria, filha, mas devolvo
***
a ti esse atavismo antigo: dor,
perplexidade. Guia-te. Tens como
centro de gravidade o meu amor.
(poema de Nei Leandro de Castro in Voz Geral, foto de arquivo do google)

2 comentários:

Anônimo disse...

belíssimo

manoella

Hébel Costa disse...

Eu estava procurando este poema há muito tempo. Sabia-o de cor, com as incorreções que uma memória fraca nos induz.
Obrigado veredas!